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" No Azul--qual uma esfinge--eu reino Indecifrada. " [Baudelaire]

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

E Os Deuses Não Esperam


[Imagem: Madonna, 1894-5 - Oil on canvas - Edvard Munch]

Acordas líquido no teu sangue sobre meu sangue de asas paradas
Acordas distante e próximo e cantas-me o cântico sem fundo
Cantar amigo inimigo cantar dobrado que desde a infância escuitei
E amo-te amo-te sem saber o objecto amado
Sem esquencer todo o óleo derramado em tuas mãos pesadas
De bens que não são os meus
E contudo tudo é amor incoerente e real que se reconhece
Sem coragem de romper os linhos de amanhã
E nâo te amo nâo nâo se ama esta ferida de mistério
Que se sente em já saudade de barro húmido
Lavrando no beijo a secura da humilde pele
E eu sei o que é amar e ser amada meus olhos limpos não dizem adeus
E os deuses não esperam.

[Matilde Rosa Araújo, in Difícil Amor]

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