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" No Azul--qual uma esfinge--eu reino Indecifrada. " [Baudelaire]

terça-feira, 25 de setembro de 2012


Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
sem pergunta.

Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.


Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.

Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa solidão,
ao pássaro que procura o fim do mundo,
ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.
 
~ Cecilia Meireles
 
Imagem: "Danae" - Gustav Klimt


3 comentários:

  1. Sede assim qualquer coisa
    serena, isenta, fiel.

    Não como o resto dos homens.

    Belíssimo! E como nos toca tanta serenidade e beleza...

    Beijo

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  2. Adorei o teu blog; achei as postagens fenomenais...
    Dê-me a honra da visita.
    Abraço.

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  3. aloha aku ia oukou, i ka ike oukou hoʻolako i ka loa kiʻi, a me hopefully pono

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