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" No Azul--qual uma esfinge--eu reino Indecifrada. " [Baudelaire]

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Da Minha Vida à Tua



Da minha vida à tua um arco se retesa, uma flecha parte,

e um animal é sacrificado em nome do que é justo, e do

que é frágil: a água e o amor.

Da minha vida à tua um barco se revela, uma vela se

solta, e o silêncio se eleva à tempestade sobre a pele, sobre

as penas sublimes, sobre os sonhos dispersos.



Da minha vida à tua um tempo se renova, um salmo se

repete, uma claridade alastra, o corpo se suspende. E o

sofrimento se deslumbra.


Da minha vida à tua o relâmpago, a ave, a seda, as

sombras da floresta, se encontram, se perdem, se revesam. E

os segredos permanecem.


Da minha vida à tua uma só raiz se adensa, o pólen nos

pertence, o sol nos surpreende. Os medos se dissolvem.

E os mais pequenos nadas se engrandecem.



[Dia 227 - Joaquim Pessoa, in Ano Comum - Livro a publicar]



2 comentários:

  1. Gostei muito da poesia, principalmente "...e os mais pequenos nadas se engrandecem...
    Tenha uma ótima semana!

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  2. José Eron, a poesia é, de fato, bela... Aliás, como tudo do Joaquim Pessoa!
    Tenha também uma ótima semana.

    ResponderExcluir

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