
Da minha vida à tua um arco se retesa, uma flecha parte,
e um animal é sacrificado em nome do que é justo, e do
que é frágil: a água e o amor.
Da minha vida à tua um barco se revela, uma vela se
solta, e o silêncio se eleva à tempestade sobre a pele, sobre
as penas sublimes, sobre os sonhos dispersos.
Da minha vida à tua um tempo se renova, um salmo se
repete, uma claridade alastra, o corpo se suspende. E o
sofrimento se deslumbra.
Da minha vida à tua o relâmpago, a ave, a seda, as
sombras da floresta, se encontram, se perdem, se revesam. E
os segredos permanecem.
Da minha vida à tua uma só raiz se adensa, o pólen nos
pertence, o sol nos surpreende. Os medos se dissolvem.
E os mais pequenos nadas se engrandecem.
[Dia 227 - Joaquim Pessoa, in Ano Comum - Livro a publicar]
Gostei muito da poesia, principalmente "...e os mais pequenos nadas se engrandecem...
ResponderExcluirTenha uma ótima semana!
José Eron, a poesia é, de fato, bela... Aliás, como tudo do Joaquim Pessoa!
ResponderExcluirTenha também uma ótima semana.