Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.
[Mia Couto, in Raiz de Orvalho e Outros Poemas]
Eu não tenho palavras, Adriana teu blog é um presente dos Deuses. Você consegue e inunda de perfume nossas vida... " Como o formoso pássaro das selvas. Que não sabe por que, mas canta, e canta. E canta até que a morte a voz lhe roube. Edgard Cavalheiro.
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