Porque havia um visgo em meio àquele siso uma espécie de magnetismo: arterial Inexplicável quando—das pontas dos dedos fazia brotar algo mágico em uma trama-neuronial esquecida que lhes remexiam os sentidos Porque deles vertiam: fluido imaginário amálgama pulsante, rutilante ávida e retorcida em um corpo de bem-querer de sempre-sempre-se-querer Mimetismo de corpos lassos simbiose desmedida trançar de espelhos víscera virtual reprimida que nunca imobiliza arrefece, paralisa nem—tão pouco—perde o compasso Porque entre eles existia o limite e o limite era espesso o limite era como todas as distâncias: de densos e imensos lamentos de passos curtos, lentos ornado por lânguidos e azulados laços A todo instante revelado através de melindres palavras de ira medos—rompantes—paúra sedimentado em relutantes estruturas E seguido por loucos remorsos Porque aquela ausência era doída o avesso do avesso da ferida era chaga aberta, invertida gotejando em sentido inverso controverso contra-o-verso Era rosa-dos-ventos mutilada apontando longínquas coordenadas Em forma de bússola partida sangrando: impávida. ~Adriana Gil Image: “The Abduction Of Psyche”, 1895 (detail) By William-Adolphe Bouguereau
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